sábado, 15 de maio de 2010

HISTÓRIA DE UM BRAVO 13


CAPÍTULO XIII

Havia centenas de galinhas soltas pelo quintal sujando tudo e fazendo ninhos nos lugares mais inesperados, porém assistir ao trato, acompanhar aquele alvoroço se reunir rendia graça. A distribuição do milho era com horário estabelecido e respeitado, critério rígido para a disciplina da criação. Sô Chiquito usava uma mesma cuia como medida, mesmo tendo aumento no número das galináceas. Alegava que tinha que ser pouco milho visto que se eram galinhas caipiras tinham mais é que pastar. Depois de muito observar, ele concluiu que havia injustiça no terreiro, pois algumas galinhas espertas e danadas não deixavam outras mais lerdas incharem o papo. Inventou um troço como maneira de equilibrar a quantidade de ração entre elas. Baseava-se em encher uma garrafa pet transparente com milho, tampar bem e atirar no meio daquele mundo de penas. Enquanto as galinhas gulosas bicavam desvairadamente a armadilha ele atirava a cuia com milho em direção às outras magrelas, assim foi controlando as porções para que todas engordassem por igual. Mesmo sendo uma cena de sadismo, não deixava de ser divertida, a meninada adorava. Ainda assim freqüentemente ele exarcebava nos métodos educativos com as galinhas e continuava inventando sistemas.

Um dia estava ele atraindo as bichinhas como de costume: _prruuuu, prrrruuuu. Elas saíram dos seus cantos e ninhos, vieram correndo, felizes, com bico atirado para frente, asas abertas. Sô Chiquito começou jogando o milho por uma das mãos, na outra manteve um pau escondido por detrás das costas. Inquirido pelo genro, que a tudo acompanhava o porquê do porrete, ele desabafou: _ Tem uma danada que não vai atrás da garrafa e fica que nem metralhadora com seu bico certeiro em todo o milho, come muito mais que as outras, estou dando umas pauladas na testa desta esfomeada para ver se ela aprende! Não aprendeu. Numa das lições a pobre da galinha ficou tão tonta que acabou indo pra panela.

Continua...




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