sexta-feira, 14 de novembro de 2008

RAIO X

Não é correto avaliar pessoas baseando-se em primeiras impressões, mas geralmente é o que ocorre no trato social. Uma rápida olhada passa a ser suficiente para um severo diagnóstico a respeito do outro. Alguns itens são comumente usados como instrumento avaliativo para formação dessa imagem, pois, convenhamos, não há como negar que a falta de cuidados consigo mesmo é evidenciado por meio da má aparência de unhas, cabelos, dentes e roupas. Todavia, a margem de erro para esse tipo de julgamento aumenta, consideravelmente, quando somente a indumentária serve de parâmetro para delinear definitivamente uma pessoa.  Pois, é razoável que se cometa acidentes na escolha das vestimentas. Estar bem ou mal vestido pode estar relacionado com o humor, com o saldo bancário, problemas de mau gosto,  ou uma atitude  de contracultura. Nada muito grave. Não raro deparamos-nos com pessoas admiráveis pouco se importando com modismos por estarem focadas em relevâncias, basta observar as vestimentas de cientistas e intelectuais.  Não gostar do uso e costumes do outro é aceitável, porém tirar conclusões definitivas a respeito do indivíduo não é recomendável.

Existem ocasiões em que surgem formas avaliativas divertidas, desconsiderando no caso a apresentação física, na qual as  pessoas estão mais desarmadas e mostram muito mais seus hábitos e emoções. A  fila  nos caixas em supermercados apresenta uma oportunidade adorável para essa bisbilhotice. Evita-se o tédio ao observar, discretamente, o carrinho de compras dos que estão à frente. Impossível dissimular hábitos, está tudo ali diante dos olhos: se alguém  está com o carrinho lotado de refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, produtos gordurosos e chocolates sinaliza péssimos hábitos. Outro com todas as novidades de produtos de limpeza, aventa manias. Aquele mais à frente abarrotado de  produtos diet e light pode sugerir um chato, mas se tiver uma barra de chocolate, anima um pouco. Tem os esbanjadores, os pães-duros, os organizados, os bagunceiros. Agora, se surgir um espécime que chama atenção por si só e nas suas compras encontra-se  uma garrafa de um bom vinho, esse sim, merece uma segunda avaliação.

Recomenda-se, todavia, um cuidado a mais nesse método, além de não ser científico, existem estabelecimentos que funcionam até tarde da noite e o perfil dos clientes se notabiliza por solteiros que aproveitam esse momento para paquerar, aí tudo muda de figura, pois o carrinho passa a ser armação, as compras são verdadeiras iscas.