quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

DIGA-ME QUAL MÚSICA OUVES...

O ritmo te leva, te conduz a uma dança comprometedora. Um ritmo  que projeta seu espírito em direções prazerosas, de alegria e paz. Só pode ser uma boa música. Não é necessaríamente um conceito pessoal. O senso comum define música boa como aquela que acalma, alegra, embala sonhos, desperta emoções, criatividade, enfim, te motiva para o bem. Música ruim:  ensurdece, aflige, exalta a agressividade, as letras constrangem. Não se trata de eleger o erudito como superior, ele não se opõe ao popular, ambos afetam nossas emoções de uma maneira ou de outra. Deseja-se sim,  música de qualidade; para que isso seja possível não é aceitável essa condescendência  com os termos pejorativos tão comumentes  usados nas composições populares.

Por ser uma das manifestações culturais mais acessíveis, o processo de criação muitas das vezes se faz em campo minado, surgindo consequentemente peças desastrosas. Relativizar esse processo como inserção social é um erro, nada justifica a aceitação da exaltação à selvageria.

 É comum grupos se formarem por afinidades.Toda cultura se fortalece assim,  através da realidade do grupo social. Desse modo as ideias, crenças e conhecimentos são passados para a frente, num movimento dinâmico, não linear, são teias culturais. Somos vistos pelos outros através dessas teias, elas   dizem quem somos, para onde vamos.  Portanto, é importante  ser exposto ao belo, ter contato com o bom, forma ideal de se fortalecer o senso estético.

Para Schopenhauer a música não é como as outras artes, a cópia das Ideias, mas a cópia da própria Vontade. E acrescenta: "É por isso que o efeito da música é mais poderoso e penetrante do que o das outras artes, pois estas só falam de sombras, enquanto ela fala da coisa em si mesma."
Todavia, fugir de música ruim não é fácil, ela esta em todas as paradas, nas festas do prédio, no comício da praça, no carro de som do boteco e por aí afora. Se bastasse um click. Espera aí, ao longe se ouve Tati Quebra-Barraco. Click.



sábado, 5 de setembro de 2009

ÉTICO POR HOJE!



A ética é improvável? Se falarmos em ética perfeita ela é improvável. Sendo que a configuração da ética perfeita pode ser apresentada com a combinação de três doutrinas: a de Jesus, a de Nietzsche e por fim a de Platão. Para Jesus, a moralidade é a bondade para com os fracos;  para Nietzsche, moralidade, é a bravura; já para Platão, a doutrina da moralidade é a harmonia do todo. Essa conjunção possui possibilidade de alguma prática? Identificada aqui uma utopia. Porém, o que seria do mundo sem as utopias? São necessárias  como referências para a construção de um mundo melhor; essenciais para as transformações de idealizações em  possíveis realidades.


Porém, reduzindo ao provável,  pelo menos com a aplicação de uma doutrina por vez,  pode ser que seja mais fácil identificar no dia a dia a prática ética. Ser correto não deixa de ser uma batalha incessante, pois as tentações para se dar bem em diversas situações são tentadoras. O uso de preceitos diários de boas intenções como: "serei ético por hoje" ou "não levarei vantagens dessa vez", podem ser úteis. De acordo com Bacon, quando se trata de inclinações, escolha a melhor; o hábito irá torná-la agradável e fácil. Segundo o filósofo, o hábito é o principal magistrado da vida do homem. Contudo, um passo em falso não significa o aniquilamento do progresso. O essencial é nunca desistir de ser ético.


Não é de hoje que o comportamento de pessoas da área dos poderes instituídos, local onde prevalece exemplos explícitos de como se dar bem por meio de espertezas contribui  para que o povo  se confunda diante dos conceitos da ética. Contudo, nada justifica a disseminação da perda da conduta ideal. Pois é perdendo o parâmetro do que é justo, correto e moral,  que se exclui a cooperação social e a ordem. E, sendo ético, no mínimo, adquire-se o direito de se indignar diante de fatos que envolvam falta de ética! E isto já é um bom começo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

Ler os ensaios de Roberto Pompeu de Toledo é uma delícia, se equivale a um bom chocolate derretendo na boca. O que assombra é que ele não possui um estilo inconfundível, aquela crítica padronizada, enjoativa, tão comum aos articulistas.

Ao lê-lo não se consegue ficar somente nas linhas, suas entrelinhas contêm muito mais! A qualidade de ver e levar a crer sem tal pretensão é espetacular. Alguns escritos falam o que já sabíamos sem o saber, típico dos bons poetas em prosa. Cada ensaio possui beleza provocativa sem trazer à tona sentimentos rancorosos, até mesmo ao falar de maracutaias. Conseguiu pegar levemente pesado ao falar de Sarney, não deve ter sido fácil, e assim Pompeu vai.


Averiguar os tons manifestos na sua página é outro prazer. Tom sensível se viu quando descreveu as angústias do jogador Adriano; tom emocionante nos elogios a D.Ruth Cardoso na época do seu falecimento; cômico ao falar do modismo dos nomes de jogadores terminados em son, divertido ao citar nomes de cidades pelo país e o que dizer da genialidade de ver uma frase de grafiteiro e dela fazer encanto? Se tudo isso não bastasse, Pompeu faz citações literárias importantes para o contexto. Por isso a cada quinzena leio a Veja de trás para a frente e não consigo ser fiel a nenhum ensaio, o preferido fica sempre sendo o último.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

OS MAIS VENDIDOS


É possível se chegar a mais uma triste conclusão ao ler as listas dos livros mais vendidos no país publicadas em revistas e jornais. Alguns títulos conjugados com seus autores já dão ideia do quanto os brasileiros, além de lerem pouco, leem mediocridades. Sabe-se que minoria não elege nada e tão pouco serve de estatística para alguma coisa, cabe então à maioria ser mais exigente com suas escolhas literárias para que com o tempo o baixo nível dessas listas melhore. Exemplos que podem ilustrar esse fato foi a longa permanência dos livros de Paulo Coelho nessa coletânea em uma conceituada revista semanal, chegando até a duzentas e sessenta semanas (cinco anos). Assim também vemos bobagens do tipo Quem comeu do meu queijo e O Monge e o Executivo fazendo o maior "sucesso".

Temos agora outro fenômeno: Comer, Rezar, Amar, atualmente consta em primeiro lugar mas, já figurando em boas colocações há mais de sessenta semanas na categoria "Não Ficção". Realmente é outro assombro. É um livro muito ruim, não possui qualidade em sentido algum, o sucesso de vendas pode ser explicado pelo título que a bem da verdade é bem sugestivo. Contudo, espera-se que muitos leitores que foram levados pelo impulso do nome do livro tenham se decepcionado, evitando assim que seja citado por aí com um livro sensacional. Bom mesmo é considerar que pega muito mal ficar elogiando literatura burra e, coincidência ou não, esses livros autoajudantes medíocres são os que mais vendem.

Dizem os entendidos que é melhor ler livro ruim ao invés de nada ler, será? Esse enfoque só funciona se houver uma conjunção com a ascensão literária, isto é, cria-se o gosto pela leitura juntamente com a exigência pela qualidade do que se lê. Dessa forma é aceitável começar de algum modo, o mais comum é ir por meio de gibis, passar pelos livros de bolso, logo depois pelos paulos coelhos e daí em diante só desejar bons escritos e se possível com alguma fundamentação. Situações formadas a partir das ideias dos que leem disparates podem contribuir com uma parcela considerável de equívocos. Talvez seja mais confortável, talvez mais seguro conviver com outros tipos de ignorâncias.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

MEA CULPA?

Nascemos para sermos bons, tentamos sempre, conseguimos não muito.
O mal ou o bem é despertado em nós pelo outro. Basta observar os diferentes graus de tolerância, os níveis de educação, a parcimônia ou não dos comentários que são direcionados a cada diferente ser. Há muito tempo questiono minha falta de paciência com determinadas pessoas e meu alto grau de bondade com outras, duvido totalmente de sentimentos tão contraditórios, revezando em um mesmo tempo, em uma mesma pessoa. Antevejo falta de ruidade da minha parte, por isso questiono a legitimidade da culpa alheia, simplesmente o outro é que possui o poder de despertar o monstro que habita em todos nós, aquele que nos faz um serzinho miserável.
Porém, se a necessidade de ser bom na maioria do tempo torna-se urgente recomenda-se evitar a companhia do indivíduo que te faz ruim, caso seja o chefe, a história se complica. Primeiro porque você só ficará remoendo o ódio, não há como tratá-lo pelos cascos. Segundo, fica difícil você evitar a presença dele, e o pior, você terá que colocar um risinho na cara e enfrentar o maldito. Nos diversos outros casos a solução é fácil e prática, suma da vida daquele que te faz cruel como prova máxima da sua bondade. Mas, um dado é importante, não carregue correntes, deixe a pessoa com o amontoado dos sentimentos que ela te provocou. Vai em paz.