terça-feira, 16 de dezembro de 2008

PROCURA-SE POR M² DE PLÁSTICA

Segundo Émile Durkheim fato social é toda "coisa" capaz de exercer algum tipo de coerção sobre o indivíduo, sendo essa "coisa" independente e exterior ao indivíduo e estabelecida em toda a sociedade. São fatos sociais a maneira de agir, os costumes, as regras jurídicas, os dogmas religiosos, enfim, são os padrões sociais e culturais de uma sociedade.

Um novo fenômeno sociológico vem surgindo na sociedade, podendo inclusive se transformar em fato social: é a moda da cirurgia plástica. Para início do parâmetro pode-se observar as características básicas do fato social que são coercitividade, exterioridade e generalidade. A coerção nesse caso específico atua por meio do novo conceito de beleza imposto, a exterioridade é vista em alguns meios onde esses novos padrões culturais já estão estabelecidos, o indivíduo se submete ao processo independente da sua consciência, muitas vezes por causa do ambiente em que vive, se não se submeter ao rejuvenescimento ele fica fora do contexto. Na questão generalidade temos a cirurgia plástica funcionado para uma coletividade, são os grupos que serão sempre preteridos se não estiverem plastificados, como por exemplo a classe artística.


Não é desejável que a cirurgia plástica se torne costume, que seja cultural, que se transforme realmente em um novo fato social, o ideal é que a intervenção seja um desejo individual, atendendo puramente anseios emocionais ou simplesmente pela preguiça de se exercitar. Contudo já se observa um número assustador de pessoas se arriscando nos blocos cirúrgicos, não por somente uma vez, mas por várias, não há como negar uma banalização.
Somando-se a tudo isso e como mera suposição, poderá surgir uma tendência pela socialização padronizada, isto é, os grupos sociais seriam formados pelas pessoas endireitadas. Todo segmento é instintivo e possui os grupos dos iguais, sendo neste caso a aparência o elemento aglutinador. Teríamos um novo e grande arranjo social. Naturalmente o termo idade perderia o sentido, seria um paradoxo quantificar a vida do ser sem as marcas do tempo. O indivíduo teria somente uma idéia do número de décadas vividas pelo outro, haveria excessivos cuidados nos usos e costumes que poderiam revelar o século a que cada um pertence. Extinguiria-se, portanto, o grupo de terceira idade, ficando no seu lugar o grupo dos não lisinhos.
Teríamos um mundinho bonitinho!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

RAIO X

Não é correto avaliar pessoas baseando-se em primeiras impressões, mas geralmente é o que ocorre no trato social. Uma rápida olhada passa a ser suficiente para um severo diagnóstico a respeito do outro. Alguns itens são comumente usados como instrumento avaliativo para formação dessa imagem, pois, convenhamos, não há como negar que a falta de cuidados consigo mesmo é evidenciado por meio da má aparência de unhas, cabelos, dentes e roupas. Todavia, a margem de erro para esse tipo de julgamento aumenta, consideravelmente, quando somente a indumentária serve de parâmetro para delinear definitivamente uma pessoa.  Pois, é razoável que se cometa acidentes na escolha das vestimentas. Estar bem ou mal vestido pode estar relacionado com o humor, com o saldo bancário, problemas de mau gosto,  ou uma atitude  de contracultura. Nada muito grave. Não raro deparamos-nos com pessoas admiráveis pouco se importando com modismos por estarem focadas em relevâncias, basta observar as vestimentas de cientistas e intelectuais.  Não gostar do uso e costumes do outro é aceitável, porém tirar conclusões definitivas a respeito do indivíduo não é recomendável.

Existem ocasiões em que surgem formas avaliativas divertidas, desconsiderando no caso a apresentação física, na qual as  pessoas estão mais desarmadas e mostram muito mais seus hábitos e emoções. A  fila  nos caixas em supermercados apresenta uma oportunidade adorável para essa bisbilhotice. Evita-se o tédio ao observar, discretamente, o carrinho de compras dos que estão à frente. Impossível dissimular hábitos, está tudo ali diante dos olhos: se alguém  está com o carrinho lotado de refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, produtos gordurosos e chocolates sinaliza péssimos hábitos. Outro com todas as novidades de produtos de limpeza, aventa manias. Aquele mais à frente abarrotado de  produtos diet e light pode sugerir um chato, mas se tiver uma barra de chocolate, anima um pouco. Tem os esbanjadores, os pães-duros, os organizados, os bagunceiros. Agora, se surgir um espécime que chama atenção por si só e nas suas compras encontra-se  uma garrafa de um bom vinho, esse sim, merece uma segunda avaliação.

Recomenda-se, todavia, um cuidado a mais nesse método, além de não ser científico, existem estabelecimentos que funcionam até tarde da noite e o perfil dos clientes se notabiliza por solteiros que aproveitam esse momento para paquerar, aí tudo muda de figura, pois o carrinho passa a ser armação, as compras são verdadeiras iscas.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

COPÉRNICO TEM CULPA!

Ultimamente tenho pensado sobre a evolução do conhecimento e me pego às vezes desejosa de menos sapiência. Ser racional, pensar muito e saber de quase tudo provocam angústias. Imagino ser mais fácil a vida dos que vivem em uma rocinha, possuindo pouca leitura e tendo como preocupação genuína se vai chover ou não. Mesmo que, quando se vive de roça a preocupação com quantidade de nuvens no céu já é suficiente para desassossegar.  Viver somente para levantar cedinho, bater a enxada, comer de marmita na sombra da árvore e voltar para a casa com o sol se pondo de muitas minudências se escapa. Isto se chama "felicidade da ignorância".

Estes pensamentos ficaram mais contundentes após ler um romance de Pirandello no qual o personagem principal diz dentro de um determinado contexto: "Maldito seja Copérnico!" Para o personagem, antes de Copérnico a Terra não girava e ponto. E, quando todos eles viviam na Terra sem girar vários conceitos sobre a natureza do homem davam mais importância para a espécie. Depois que a Terra começou a girar a consciência do pouco ou nada que valiam diante da nova descoberta ficou latente:  eram simples minhocas.

Quantos Copérnicos haveremos de aguentar até o fim dos tempos? Descobrindo, inventando, revelando? Queria mesmo é uma enxadinha que vai e vem...

sábado, 18 de outubro de 2008

PADRÃO D'ALMA

Citar Fernando Pessoa é privilégio, por isso vamos lá: " A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova. Baldado esforço o teu se queres sentir outras coisas sem sentires de outra maneira, e sentires de outra maneira sem mudares de alma. Porque as coisas são como nós as sentimos - há quanto tempo sabes tu isto sem o saberes? - e o único modo de haver coisas novas, de sentir coisas novas é haver novidade no senti-las. Muda de alma. Como? Descobre-o tu."


Corrobora Fernado Pessoa. Experimenta sair do corpo e ficar como um fantasma se espionando no dia-a-dia. Talvez em um período de dois dias seu padrão fique bem claro. É possível que se leve sustos. Para um melhor resultado anota, principalmente, tudo que sair pela boca. O padrão de cada um funciona com uma lógica mesmo com tentativas de enganar a si ou aos outros, a trajetória mostra mais claramente esta coerência. Como um experimento, basta rememorar pessoas há muito conhecidas, identificar o padrão alheio facilita para que se descubra o próprio. Habitualmente, mudanças drásticas acontecem quando a insastifação atinge níveis insuportáveis, aí se tem, forçosamente, início do exercício para a mudança de alma, mas, Fernando Pessoa, aconselha no texto acima que se faça algo por si mesmo antes de um desenrolar dramático.




quinta-feira, 9 de outubro de 2008

REALIZANDO O LUCRO

Antes de mais nada vou logo dizendo, estou perdendo dinheiro na bolsa. Não pretendo fazer discurso contra o capitalismo, apenas gostaria de ordenar algumas idéias. Há meses várias moedas se engalfinham no mundo. Fico aqui encafifada ao observar a falta de uma investigação envolvendo o outro lado da moeda, afinal, é justamente caso claro de se não é cara, tem que ser coroa. O indicado não é sempre estar atentos aos dois lados dos acontecimentos? Até agora não surgiu viv'alma com teorias as quais esclareçam que algo de bom surgirá em consequência deste cenário tenebroso. Como o lucro está descartado, vide os envolvidos em pânico (confesso que não sei se tiro o dindim ou se espero), o que poderia ser?

Se a crise financeira que assola o mundo fará com que a produção global desacelere não há aí algumas vantagens? A palavra desacelerar traz um alento, como se fosse um tempo de calmaria, é indicado individualmente para se obter boa saúde, imagine coletivamente? Sim, mas o mundo vive mesmo atrás de grandes ondas. O vislumbre de menos produção, menos financiamento, menos lucro enlouqueceu o mundo. É assustador. A chance da humanidade diminuir o consumo pode não ser uma temeridade como estão propagando. Para o risco de desemprego, sugiro aos americanos colocar a mão na massa, fazer faxina, dirigir táxi, lavar pratos. Já, nosso país possui atividades que garatem sustento na informalidade, brasileiro desempregado é criativo.

Todavia, pode ser que o meio ambiente seja o sortudo da hora, que aproveite esse evento para dar uma respirada recompondo forças. Menos carros, menos lixo, menos pressão, menos um monte de impactos negativos. Podemos contar, ainda, com as alternativas que surgem em consequência de recessão, não é na crise que a criatividade aflora? Continuo aqui esperando algum ambientalista entendido listar as vantagens do percalço financeiro para o planeta e dizer aos não consumistas, que por um bom tempo terão companhia. Já decidi, vou retirar a grana da bolsa.













































































sexta-feira, 26 de setembro de 2008

PALAVRAS PRESAS NO PAPEL SÃO REMÉDIOS

  • Escrever faz com que as idéias encontrem coerência. Liberta a alma, surpreende. A chance de voltar atrás, deletar, colocar sinônimos sem dano a nada e a ninguém é impar. Só pensar é um emaranhado meio sem sentido, é aquele rolo embaraçado. As palavras marcadas no papel podem até assombrar, mas só vão ferir depois de muito pensar.
  • Quando as palavras são ditas ao vento, no disse-me-disse, na conversa de comadre, no botequim, na esquina e outras mais, pressupõem-se banalidades, dizeres sem importância. Necessariamente não o são. Seria demais querer todos os faladores escrevendo tudo, não deixa de ser um impropério, mas pode se salvar um numa roda de muitos. Aquela embolada de opiniões, raciocínios interrompidos, e ditos geniais se perdem por aí por vagueação. O olho no passado só é possível por meio das palavras, desenhos, sinais, marcas, são caminhos traçados, que quando achados, lá se vão todos atrás se deliciar de descobertas do remoto.
  • Basta começar, os dedos ficam como que tomados. É possível que haja uns varais com milhares de palavrinhas dependuradas, espiando, esperando, quando lhes dão chance elas vêm e vão ocupando seus lugares, algumas erram o rumo, perdem pedaços, ficam completamente fora do contexto, do texto, e de tudo o mais, a briga para aparecer nas entrelinhas é bem marota. E aqui os dedos vão chamando. Fazer o quê? Quando se gosta das palavras é só invencionice mesmo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

PODE-SE SER UM MACHADO DE ASSIS?

Machado de Assis era mulato, de origem humilde, epilético, nunca cursou universidade, viveu na época escravocrata, sabia francês mesmo passando praticamente toda a vida no Rio de Janeiro e com apenas 15 anos já publicava poemas na imprensa. Atualmente, com um currículo desses ele conseguiria no máximo uma vaga na universidade pelo sistema de cotas, depois disso talvez empacasse. Mas não, hoje, é considerado, pelos críticos de todo o mundo um autor de primeira linha da literatura mundial. O que ele fez para tal guinada? Tudo levava a crer que ele seria, natural para a época, mais um mulatinho servindo aos senhores. Que mistério é esse?

Em uma das suas biografias vê-se lá: "Machado era ambicioso. Tinha uma noção clara do seu próprio valor. Sabia da sua superioridade em relação aos seus pares da época. Além do que, queria subir socialmente e ter reconhecimento intelectual". Ele sabia que tinha talendo para a escrita mas, sabia também que só isso não bastava. Então trabalhou com tenacidade, extrema dedicação. Dizem que ele não acreditava no improviso, no tudo é fácil. Traçou uma meta e nada o desconcentrou. Ignorou severas críticas por não se envolver nos movimentos abolicionistas e foi em frente. Taí então o pulo-do-gato. Assemelha-se aos mandamentos para o sucesso absoluto em qualquer área que se queira. Pelo menos é o que se vê nos cursos para empreendedores, executivos e por aí a fora.

Todavia, há algo mais, o que se observa é que Machado (olha a intimidade) possuia uma auto-estima invejável, nada abalou sua crença interna, mesmo na contramão da realidade da época, aliou a crença em si mesmo às ações. A dúvida poderia se equivaler a uma gota de limão no leite das possibilidades. O vento a favor foi, sem sombra de dúvida, descobrir o próprio talento, um tento e tanto, a grande maioria das pessoas tombam sem compreender a que veio.

Contudo, quando se alinha todas essas variáveis, que de uma maneira ou outra, ele fez com que lhe fossem favoráveis, e como se isso não bastasse, desconfia-se, pelo resultado da sua obra, que houve também na época uma conjunção astral rara (essa teoria fica por minha conta).
Portanto, conclui-se peremptoriamente: não se pode ser um Machado de Assis, assim, assim.


















domingo, 17 de agosto de 2008

AO AMIGO

Força ou energia moral que leva a afrontar os perigos, valor, destemor, ânimo, bravura, intrepidez. São sinônimos de coragem segundo o dicionário Larousse. São palavras fortes que definem atitudes valorosas tomadas em prol de muitos ou de poucos. Para salvar o outro, pelo bem comum. Agora, quando se toma uma atitude pelo bem próprio, a coragem dá reviravolta, a busca de um bem querer se transforma em ato egoístico quando significa deixar um ou outros em solidão, em rejeição, simplesmente para se salvar. Ato impróprio. Não digno. Há o que pensar de diferente disso sobre quem avisa que não dá mais? Que está indo? Não há o que julgar. Aquele que deixa alguém ou algo, que sai, que arrisca, provoca em muitos a inveja da coragem transmutada em condenação.

Os bravos não avaliam se vale a pena o risco, garantias de sucesso não é o que importa. Mas, o que é valer o risco mesmo? Deixar o que está ruim ou obter certeza da melhor escolha a ser feita? Não importa muito.  O corajoso possui mérito na tentativa pela tentaviva. Ser solidário com o perdedor, com o abandonado, com o descartado é chato. A autocomiseração alheia não nos favorece em nada. Aquele olhar de vítima, de injustiçado provoca nos outros mais certeza ainda que ser deixado para trás foi merecido.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

CASAMENTO DÁ CERTO?



Ao dar a notícia da sua recente separação à idosa e simpática tia, Olavo obteve a óbvia indagação: _ Mas, já? Por que meu filho? _ É tia, infelizmente meu casamento não deu certo. E a tia com um sorrisinho maroto, talvez pelo fato de ter vivido um longo casamento, até ficar viúva, retrucou: _ Meu filho, casamento não dá certo mesmo não.

Sem a pretensão em aprofundar na subjetiva conclusão da tia do Olavo, pode-se desconfiar que a velhinha praticara, ao longo da extensa vida conjugal, pelo menos, um dos tipos de amizade da teoria aristotélica. Os tipos de amizade afirmados pelo filósofo baseiam-se no amor necessário, no amor prazeroso e no amor pelo bem. Trazer estas formas de amizade para um longo relacionamento pode contribuir para racionalização das relações, diminuindo assim, expectativas de um amor idealizado. Segundo a teoria, tanto a relação baseada na utilidade quanto a baseada no prazer são efêmeras, pois quando cessa o motivo, a união tende a desaparecer. Já a fundamentada no amor pelo bem é a mais duradoura, porém a mais rara.

-O amor necessário, também descrito como útil, é aquele que facilita pensamentos, ações e apoio nas fragilidades de cada um, o parceiro passa a ser um meio não um fim. Ama-se pelo que é bom para si.

-O prazeroso é semelhante ao amor necessário, busca-se o prazer recíproco e imediato. Quando uma das partes deixa de ser agradável ou útil, a outra deixa de amá-la. Dá-se amor na medida em que o outro é agradável para si.

-No modelo de amor pelo bem, ama-se o outro pelo que ele é. O desejo de fazer o parceiro feliz prevalece.  É próprio de relações recentes. Porém, quando as pessoas são expostas umas às outras, cotidianamente, a possibilidade de amor pelo bem diminui consideravelmente. Observa-se pouca frequência dessa forma de amor.

O casamento-que-não-dá-certo do sobrinho da velhinha em algum momento deixou de ser útil, de ser agradável e o amor pelo bem, caso tenha existido, se dissolveu. A pressa por resultados imediatos, a intolerância ou a razão equivocada para estarem juntos podem ter entediado o jovem casal em tempo recorde. Fica, porém, a dúvida se a tia, ao longo da sua união, transitou por todos os modelos da teoria aristotélica ou se conteve e viveu a amizade útil, muito comum na sua época. Mesmo por que, não importa a forma de amor escolhida por ela para viver, pois a resposta dada ao sobrinho revela não ter havido espaço para as formas de ódio, tão comum na atualidade.

O casamento de Sartre com Simone de Beauvoir é um modelo muito citado como ideal de relacionamento amoroso. Contudo, são opiniões baseadas em pouco conhecimento sobre a vida do excêntrico casal, basta ler a biografia de ambos para entender. Entretanto, raros são os que levam adiante tamanho feito, tanto pela forma quanto pelo tempo em que durou. Pois bem, eles fizeram um contrato de dois anos quando eram jovens, ele com 23 e ela com 21 anos. A proposta de Sartre para Simone foi a seguinte: _Entre nós, trata-se de um amor necessário: convém que conheçamos também os amores contingentes. O amor necessário os uniu por cinquenta anos, reconhecidamente eles moravam em casas separadas e tinham incontáveis amantes. Para eles e para todos foi um casamento que deu muito certo. Alguém se habilita? Talvez seja mais difícil manter um casamento à la Beauvoir.









segunda-feira, 4 de agosto de 2008

PLAtÃO, PupiLO de sÓcRaTEs, mEsTre de ArisTÓtEleS

Começar pela Teoria das Ideias de Platão traz no mínimo respaldo para que nem todo tudo aqui dito seja uma completa bobagem. Platão acreditava numa realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos. A esta realidade ele deu o nome de mundo das ideias. Nele estão as "imagens padrão", imagens primordiais, eternas e perfeitas, de tudo aquilo que encontramos na natureza. Seriam formas imutáveis. No mundo das ideias, um cavalo terá quatro patas mesmo que no mundo dos sentidos todos os cavalos fiquem mancos de uma pata. Para Platão, o homem é um ser dual, possui a alma, que antes de habitar o corpo existia no mundo das idéias. Já o corpo pertence ao mundo dos sentidos, portanto imperfeito.

O que esta fora do mundo das ideias está no mundo dos sentidos. Se dissermos que vimos ou percebemos algo está aí o início de um conhecimento aproximado ou uma opinião incerta. Neste mundo de sentidos as coisas surgem e desaparecem. E quase sempre não podemos confiar em nossos sentidos. Somente por meio da razão é que podemos chegar a um conhecimento seguro. Ter razão é o oposto de achar e sentir. Ter razão é afirmar que dois mais dois são quatro,  são dados eternos e universais, é uma mesma razão para todas as pessoas.

Platão achava que, quando as pessoas entram em contato com as formas da natureza, há um despertar da alma, como um voo até o mundo das ideias. Nascendo aí o anseio de retorno a casa. Platão chamava este anseio de eros, que significa amor. Para ele, se houvesse comparação do mundo das ideias com o mundo dos sentidos, este seria bem sombrio.

O que sabemos é que a maioria se apega sobremaneira aos reflexos do mundo das ideias no mundo dos sentidos e se dá por satisfeita. Há aqueles ainda, que preferem habitar somente no mundo dos sentidos com certezas absolutas ou opiniões formadas sobre tudo, como disse Rauzito. Diante disso, a recomendação básica é que o Mito da Caverna deve se lido e relido. Por meio dessa alegoria, Platão exemplifica a sua teoria  sobre o aprisionamento dos sentidos. Despertar a clareza dos pensamentos é um dos príncipios da Filosofia,  é essa a busca de todo filósofo,  entender o que é eterno com o uso da razão, pena que poucos se aventuram nesse deleite. Pois, tratados, diálogos e academias  para falar de bolhas de sabão é o que mais se vê.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

QUEM TEM BANHEIRO É FELIZ !

Aristóteles defendeu como condição para a felicidade o desenvolvimento da excelência por meio da simetria de desejos, que é o meio-termo justo ou caminho do meio. Assim, entre a covardia e o arrojo estaria a coragem, entre a avareza e a extravagância, a liberalidade. As qualidades do meio são virtudes, a primeira e última qualidades são extremos e vícios. Reconhece, ainda, que devemos possuir auxílios externos como a amizade e um bom grau de bens terrenos, porque a pobreza nos torna mesquinhos e ganaciosos e que os bens trazem liberdade e tranquilidade. Tal teoriazação do filósofo maior sobre a natureza da felicidade evidencia a razão da insatisfação humana. Qual o limite de auxílios externos que nos dará tranquilidade? Como atingir o meio-termo justo?
Como finalidade é utópico. Felicidade é um entre-meio, verso e anverso. O que se conquista somente traz bem-aventurança por pouco tempo. Outro desejo toma forma em seguida. A posse do objeto de desejo o torna mau ou imperceptível. Um caminho em círculo puramente humano.
Ingrid Betancourt quando foi libertada do cativeiro foi questionada porque ela sorria tanto. Ela declarou que além dos motivos óbvios, estava maravilhada em ter novamente banheiro, água quente, perfumes. É fácil ser feliz. Começar em dar vivas ao banheiro, pode ser um bom começo.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

PoEmA da AmiGA

Choro com o meu coração,  mesmo que você desaprove
Abandono teorias, mesmo que você discorde
Preciso de tempo para  me acostumar a passar sem lhe ver
Ver todos sem lhe ter. 

Na certeza do desaponto,  peço perdão por essa tristeza
Esqueço-me  sempre que apego é fonte de dor.
Se encontrou o que imaginava vai estar rindo de mim
E eu aqui, sem achar graça em nada.

domingo, 8 de junho de 2008

nÃO SoU Fã

Penso ser importante justificar o título do meu blog. Não fica difícil relacioná-lo com uma obra(?) do nosso escritor Paulo Coelho. Mas isto está longe de ser uma homenangem ou outra coisa semelhante. Tenho implicância com ele e com seus livros, para mim, ele já está há muito tempo enganando muita gente. Dizem que muitas pessoas passam pela vida como um engodo, Paulo Coelho é o engodo mais vitorioso que já vi.

Sou a Maga, não uma maga. Ganhei esse apelido na escola em referência a Maga Patológica, confesso que naquela época me incomodava bastante. Minhas "amigas" me achavam parecida com a bruxinha má. Não foi agradável. Apelidos de escola são para baixar a autoestima mesmo, raramente não funcionam.