terça-feira, 21 de outubro de 2008

COPÉRNICO TEM CULPA!

Ultimamente tenho pensado sobre a evolução do conhecimento e me pego às vezes desejosa de menos sapiência. Ser racional, pensar muito e saber de quase tudo provocam angústias. Imagino ser mais fácil a vida dos que vivem em uma rocinha, possuindo pouca leitura e tendo como preocupação genuína se vai chover ou não. Mesmo que, quando se vive de roça a preocupação com quantidade de nuvens no céu já é suficiente para desassossegar.  Viver somente para levantar cedinho, bater a enxada, comer de marmita na sombra da árvore e voltar para a casa com o sol se pondo de muitas minudências se escapa. Isto se chama "felicidade da ignorância".

Estes pensamentos ficaram mais contundentes após ler um romance de Pirandello no qual o personagem principal diz dentro de um determinado contexto: "Maldito seja Copérnico!" Para o personagem, antes de Copérnico a Terra não girava e ponto. E, quando todos eles viviam na Terra sem girar vários conceitos sobre a natureza do homem davam mais importância para a espécie. Depois que a Terra começou a girar a consciência do pouco ou nada que valiam diante da nova descoberta ficou latente:  eram simples minhocas.

Quantos Copérnicos haveremos de aguentar até o fim dos tempos? Descobrindo, inventando, revelando? Queria mesmo é uma enxadinha que vai e vem...

sábado, 18 de outubro de 2008

PADRÃO D'ALMA

Citar Fernando Pessoa é privilégio, por isso vamos lá: " A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova. Baldado esforço o teu se queres sentir outras coisas sem sentires de outra maneira, e sentires de outra maneira sem mudares de alma. Porque as coisas são como nós as sentimos - há quanto tempo sabes tu isto sem o saberes? - e o único modo de haver coisas novas, de sentir coisas novas é haver novidade no senti-las. Muda de alma. Como? Descobre-o tu."


Corrobora Fernado Pessoa. Experimenta sair do corpo e ficar como um fantasma se espionando no dia-a-dia. Talvez em um período de dois dias seu padrão fique bem claro. É possível que se leve sustos. Para um melhor resultado anota, principalmente, tudo que sair pela boca. O padrão de cada um funciona com uma lógica mesmo com tentativas de enganar a si ou aos outros, a trajetória mostra mais claramente esta coerência. Como um experimento, basta rememorar pessoas há muito conhecidas, identificar o padrão alheio facilita para que se descubra o próprio. Habitualmente, mudanças drásticas acontecem quando a insastifação atinge níveis insuportáveis, aí se tem, forçosamente, início do exercício para a mudança de alma, mas, Fernando Pessoa, aconselha no texto acima que se faça algo por si mesmo antes de um desenrolar dramático.




quinta-feira, 9 de outubro de 2008

REALIZANDO O LUCRO

Antes de mais nada vou logo dizendo, estou perdendo dinheiro na bolsa. Não pretendo fazer discurso contra o capitalismo, apenas gostaria de ordenar algumas idéias. Há meses várias moedas se engalfinham no mundo. Fico aqui encafifada ao observar a falta de uma investigação envolvendo o outro lado da moeda, afinal, é justamente caso claro de se não é cara, tem que ser coroa. O indicado não é sempre estar atentos aos dois lados dos acontecimentos? Até agora não surgiu viv'alma com teorias as quais esclareçam que algo de bom surgirá em consequência deste cenário tenebroso. Como o lucro está descartado, vide os envolvidos em pânico (confesso que não sei se tiro o dindim ou se espero), o que poderia ser?

Se a crise financeira que assola o mundo fará com que a produção global desacelere não há aí algumas vantagens? A palavra desacelerar traz um alento, como se fosse um tempo de calmaria, é indicado individualmente para se obter boa saúde, imagine coletivamente? Sim, mas o mundo vive mesmo atrás de grandes ondas. O vislumbre de menos produção, menos financiamento, menos lucro enlouqueceu o mundo. É assustador. A chance da humanidade diminuir o consumo pode não ser uma temeridade como estão propagando. Para o risco de desemprego, sugiro aos americanos colocar a mão na massa, fazer faxina, dirigir táxi, lavar pratos. Já, nosso país possui atividades que garatem sustento na informalidade, brasileiro desempregado é criativo.

Todavia, pode ser que o meio ambiente seja o sortudo da hora, que aproveite esse evento para dar uma respirada recompondo forças. Menos carros, menos lixo, menos pressão, menos um monte de impactos negativos. Podemos contar, ainda, com as alternativas que surgem em consequência de recessão, não é na crise que a criatividade aflora? Continuo aqui esperando algum ambientalista entendido listar as vantagens do percalço financeiro para o planeta e dizer aos não consumistas, que por um bom tempo terão companhia. Já decidi, vou retirar a grana da bolsa.