Ainda hoje restam dúvidas entre seus pares a respeito das verdadeiras razões que levaram Sô Chiquito a manter as chamas vibrando no fogão ao longo de várias noites, mesmo estando na iminência da morte: estava ali queimando o medo ou atiçando a fé? Ou apenas fez uso da sua evidente determinação para cumprir o desejo de continuar ativo? Essa hipótese é a mais considerada, visto que, além de mostrar coerência com o passado de labutas, esclarece que, para ele, o processo da vida consistia somente de desafios brutos. Embora existam várias conjecturas, sua atitude final continua repleta de significados.
Após esses dias ele se foi. Antes de ficar velho, antes de virar menino. Sô Chiquito não pediu reza e não puxou do terço, contudo se rezou em algum momento foi por meio dos gravetos atirados, um após outro, por várias noites seguidas. Se alcançou alguma graça divina da qual tirou acalanto ele a viu através das labaredas durante suas noites insones.
Seus feitos e acontecidos são comentados pelos arredores e fica, a saber, se alguns casos ainda estão por vir à tona. Porém, prevalece um relativo consenso: ele nada viu ao seu redor por acreditar não existir maiores importâncias além das obrigações, invariavelmente impostas por ele mesmo, a cumprir. Um exemplo disso foi a opção escolhida na ocasião em que um dos filhos queimava em febre ao mesmo tempo em que uma vaca passava mal por envenenamento. Ele no curral ficou. Perguntado se não se preocupou com a doença do filho, respondeu pragmático: _ Na casa tinha muita gente que sabia cuidar de gente, para cuidar da vaca só tinha eu mesmo!
O tempo passou e, generosamente, embaçou o que não foi comédia. Pinçar da trajetória humana somente o que não dói não deixa de ser uma boa forma de eternizar o que faz bem.