terça-feira, 23 de junho de 2009

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

Ler os ensaios de Roberto Pompeu de Toledo é uma delícia, se equivale a um bom chocolate derretendo na boca. O que assombra é que ele não possui um estilo inconfundível, aquela crítica padronizada, enjoativa, tão comum aos articulistas.

Ao lê-lo não se consegue ficar somente nas linhas, suas entrelinhas contêm muito mais! A qualidade de ver e levar a crer sem tal pretensão é espetacular. Alguns escritos falam o que já sabíamos sem o saber, típico dos bons poetas em prosa. Cada ensaio possui beleza provocativa sem trazer à tona sentimentos rancorosos, até mesmo ao falar de maracutaias. Conseguiu pegar levemente pesado ao falar de Sarney, não deve ter sido fácil, e assim Pompeu vai.


Averiguar os tons manifestos na sua página é outro prazer. Tom sensível se viu quando descreveu as angústias do jogador Adriano; tom emocionante nos elogios a D.Ruth Cardoso na época do seu falecimento; cômico ao falar do modismo dos nomes de jogadores terminados em son, divertido ao citar nomes de cidades pelo país e o que dizer da genialidade de ver uma frase de grafiteiro e dela fazer encanto? Se tudo isso não bastasse, Pompeu faz citações literárias importantes para o contexto. Por isso a cada quinzena leio a Veja de trás para a frente e não consigo ser fiel a nenhum ensaio, o preferido fica sempre sendo o último.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

OS MAIS VENDIDOS


É possível se chegar a mais uma triste conclusão ao ler as listas dos livros mais vendidos no país publicadas em revistas e jornais. Alguns títulos conjugados com seus autores já dão ideia do quanto os brasileiros, além de lerem pouco, leem mediocridades. Sabe-se que minoria não elege nada e tão pouco serve de estatística para alguma coisa, cabe então à maioria ser mais exigente com suas escolhas literárias para que com o tempo o baixo nível dessas listas melhore. Exemplos que podem ilustrar esse fato foi a longa permanência dos livros de Paulo Coelho nessa coletânea em uma conceituada revista semanal, chegando até a duzentas e sessenta semanas (cinco anos). Assim também vemos bobagens do tipo Quem comeu do meu queijo e O Monge e o Executivo fazendo o maior "sucesso".

Temos agora outro fenômeno: Comer, Rezar, Amar, atualmente consta em primeiro lugar mas, já figurando em boas colocações há mais de sessenta semanas na categoria "Não Ficção". Realmente é outro assombro. É um livro muito ruim, não possui qualidade em sentido algum, o sucesso de vendas pode ser explicado pelo título que a bem da verdade é bem sugestivo. Contudo, espera-se que muitos leitores que foram levados pelo impulso do nome do livro tenham se decepcionado, evitando assim que seja citado por aí com um livro sensacional. Bom mesmo é considerar que pega muito mal ficar elogiando literatura burra e, coincidência ou não, esses livros autoajudantes medíocres são os que mais vendem.

Dizem os entendidos que é melhor ler livro ruim ao invés de nada ler, será? Esse enfoque só funciona se houver uma conjunção com a ascensão literária, isto é, cria-se o gosto pela leitura juntamente com a exigência pela qualidade do que se lê. Dessa forma é aceitável começar de algum modo, o mais comum é ir por meio de gibis, passar pelos livros de bolso, logo depois pelos paulos coelhos e daí em diante só desejar bons escritos e se possível com alguma fundamentação. Situações formadas a partir das ideias dos que leem disparates podem contribuir com uma parcela considerável de equívocos. Talvez seja mais confortável, talvez mais seguro conviver com outros tipos de ignorâncias.