segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

TER OU NÃO TER...

Ao estacionar o carro vê-se duas alternativas de estacionamento: uma vaga debaixo de uma árvore sombreando bem a área, outra vaga está sob um sol de meio-dia. Dependendo da escolha e principalmente do critério da escolha se deduz as emoções que dominam o motorista. Na primeira alternativa o motorista  sem pestanejar  direciona o veículo para a sombra, a vaga é maravilhosa. Na segunda, aí vem toda à tona um profundo desejo de obter o melhor, o motorista leva em consideração a trajetória do sol dentro do tempo em que ele precisará do carro, talvez após umas quatro horas. Deduz que dentro de pouco tempo a sombra virará sol e aquela vaga sob sol escaldante virará uma bela sombra. A breve dedução e a nova estação fizeram a boa intenção virar pó, a sombra ficou sombra noite adentro e  o carro estacionado na vaga da segunda alternativa, ai,ai, ai, fritava ovo.

O caso acontecido é  bom de análise, retrata a natureza humana  no uso da prudência.O que leva um ser a abrir mão do presente em nome de um futuro hipotético? Negar prazer iminente, mesmo com  riscos embutidos, para dar lugar a  uma certeza sem controle traz a idéia de que se cuidar para o futuro é mais razoável do que merecer um presente dadivoso; fato que se repete  a exaustão ao reservar  uma delícia para  comer mais tarde, sem considerar que alguém pode chegar antes e comer tudo; deixar um vinho maravilhoso para uma oportunidade importante, o tempo passar e  ele virar vinagre; roupa nova dependurada esperando um dia especial, a moda passar ou  a pessoa não entrar na peça.  Expectativas com grandes chances de irem para o brejo.

Quando o agora aponta na direção de um  prazer moral, melhor ser dito, não pode haver prudência interpondo simplesmente porque há grande chance do futuro decidir  pelo não merecimento do prazer. Prazer passado vira caso contado e prazer futuro pode virar caso inventado.