terça-feira, 4 de maio de 2010

HISTÓRIA DE UM BRAVO 10



CAPÍTULO X


Era uma peleja para deixar os netos pescarem quando eles desejavam. Aliás, poucos eram os escolhidos para tal deleite, pois tempo de pescaria era determinado pelo Sô Chiquito. Configurava ocasião rara por depender de vários fatores impostos pelo do dono da lagoa, como por exemplo, se a época estava boa para pescaria, segundo sua análise; se o momento era adequado para os peixes, segundo seu olho; se os anzóis eram pequenos, nesse caso havia necessidade da apresentação de prova material; se a lua era cheia e algumas outras conjecturas. Caso o candidato a pescador não fosse da família deveria ainda lhe ser simpático. Conjugar os pormenores exigidos correspondia a um evento único para muitos. Para início de conversa os netos cumpriam uma exigência suplementar que era trazer os peixes pescados para ele averiguar, após o que ele recolhia os melhores para a janta dele, mandava jogar alguns de volta na lagoa para darem uma engordada e deixava que levassem uns lambaris. Era insatisfação de neto garantida. Ainda assim os meninos gostavam de ficar na diversão. Depois de um tempo de peixes confiscados, Sô Chiquito notou que essas pescarias estavam muito minguadas de peixes, quis descobrir por quê. Inquiriu os pescadores: _O quê ta acontecendo com ocês? _Ficam lá na beira d’água um tempão danado, lagoa cheia de peixes e nesse balaio não tem nada? Os netos tentaram sair pelo tangente, disseram não entender aquela sumida dos peixes, coisa e tal. No que ele respondeu:_ Procura debaixo do caixote, aquele lá que ocês tavam sentados, pescaria boa ta é lá, só tem graúdos, busca tudo, quero dar uma olhada!

Continua...

Um comentário:

Dudu disse...

HAHAHAHAHAHAHA
na minha época ele só falava que o tempo não tava bom. Podia ser sol, chuva, de manha, tarde ou noite. O tempo não tava bom nem pra lambari.
Os contos são ótimos tia! algumas caracteristicas da personalidade dele eu consigo lembrar perfeitamente, no meu tempo ele já tava mais manso.