sexta-feira, 9 de abril de 2010

HISTÓRIA DE UM BRAVO 4


CAPÍTULO IV
Havia época em que ele cismava com umas crenças, volta e meia vinha com opinião nova. Ele tinha disso, não adiantava provas ao contrário. Tirava umas idéias da cabeça e ponto. Uma delas foi quando mandou a mulher trocar os zíperes das calças compridas das filhas: _ Troca tudo, põe de lado. Não quero conversa. E disse ainda: _ Essas moças tão engravidando é por causa dessas modernidades, onde já se viu roupa com tanta facilidade? As filhas ficaram muito tempo sem usar calças compridas, tal moda iria provocar risos em toda cidade, esperaram ele esquecer tamanha esquisitice. Não podia escutar suspiros diante de novelas, se por causa das casas bonitas soltava suas verdades: _ É tudo de isopor. Essas escadarias também são de isopor. Ou se por causa da história contada: _Não existe nada disso, novela só engana os trouxas, é mentirada só! De todas as cismas a mais curiosa era a lista de medicamentos que possuía para aliviar seus incômodos, além de insistir com todos para que fizessem uso em vez de gastarem na farmácia, não se sabe de onde tirava as indicações: Kolynos era bom para picada de inseto, queimaduras, bichos de pé, cortes em geral e até prá qualquer outra coisa que ninguém sabia o que era. Para cara cheia de espinha receitava passar nata de leite gordo. Quem chegou a usar disse que a cara encheu de espinha mais ainda. Gostava também de beber água com borralho 
do fogão à lenha, alegava que era uma maneira boa de adquirir “potassa”. Não vivia sem um leite magnésio, bebia diretamente no gargalo da garrafinha azul antes da hora de dormir.
Continua...

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