quarta-feira, 14 de abril de 2010

HISTÓRIA DE UM BRAVO 5

CAPÍTULO V


De todas as suas certezas a que apresentou menor chance de ser contestada e em nenhum momento considerou sua conseqüente fúria exagerada foi estimulada por seu encontro com um pote de creme. Tudo começou por causa da mania que ele tinha de só entrar no quarto para dormir com a luz apagada, ele ia entrando no escuro e assim gostava de achar seu rumo. Nesse dia ele tinha cortado muita cana e se esfolado todo, teve então a brilhante idéia de passar um creme para dar alívio no ardume que sentia. No escuro, abriu a porta do guarda-roupa pegou o pote de creme da mulher e se lambuzou, passou nos braços, nas mãos e até na cara para abrandar quentura do sol. Só que achou o cheiro meio esquisito, resolveu sair do quarto para dar uma olhada. Foi um susto. Onde tinha passado o creme estava negro e  exalava cheiro de ovo podre. Pensou: É bosta. E não teve conversa: _ Quem foi o filho da puuuuta que colocou bosta pra eu usar? O pavio foi aceso. O pote voou janela afora, teve início a uma xingação sem limites, sobraram graves impropérios para os que se atreveram a esclarecer a confusão. Nem depois que a raiva diminuiu quis saber de conversa e afinal de contas quem  já não sabia que era conveniente deixar menos explicações? Iniciar palavreado sobre assunto polêmico após calmaria era ato insano. O fato real é que o pote de creme era à base de lamas do Araxá, presente que a mulher ganhou da filha. Sô Chiquito nunca ouviu essa verdade, para ele foi bosta encomendada.

Continua...

Nenhum comentário: