sábado, 17 de abril de 2010

HISTÓRIA DE UM BRAVO 6

CAPÍTULO VI

Não gostava de padres. Dizia que eles só sabiam pedir. Não discutia religião nem futebol, ter time nem pensar e especulou muito pouco sobre política. Para ele, comerciante não deveria demonstrar gosto por certos assuntos. Mas houve um dia em que no calor da hora ele soltou sua opinião sobre Jesus Cristo:
_ Cristo foi o maior revolucionário que o mundo já teve ou terá. Disse isso assim, no seco. Nunca foi à missa. Atitude essa mais do que coerente com a sua maneira de conduzir o dia-a-dia. Na sua trajetória não cabia conjugar reflexões dominicais com suas verdades absolutas. Os mais chegados, em momentos raros, se aventuravam  em provocá-lo dizendo-lhe que se um dia ele adentrasse uma igreja todos os santos sairiam em debandada, ele com um ar matreiro parecia gostar do comentário. Tempos depois descobriu-se que ele, juntamente com outro comerciante, pagou um telhado novo para uma pequena igreja cujo santo possuía nome tal qual o seu.
 
Continua...

Um comentário:

Tião Crispim disse...

Oi Mariza, repito aqui o que disse à sua irmã Monica Anjos: - Genial.Maravilhoso. Jamais imaginei ver uma homenagem prestada a um pai com tamanha sensibilidade. Os "causos", muito mais que qualquer outra motivação, pareceu-me ter a da homenagem de uma filha com a alma saudosa da doçura suave de um pai "pai que não se vê mais em tempos de hoje",rude, é verdade, mas docemente bravo.
Bravo, Chiquito. Bravíssimo Iza.
Lindo, repito, muito lindo e termino ouvindo ainda os últimos acordes de "Northern Lights" do Renaissance que mesmo gravado em 1978 ainda teimo em ouvir onde que que eu esteja, esta, a minha preferida e dezenas de outras da mesma banda.
Abraços
Tião Crispim