terça-feira, 20 de abril de 2010

HISTÓRIA DE UM BRAVO 7

CAPÍTULO VII


Com muita trabalheira e pouco gasto, adquiriu patrimônio, aumentou negócios. Mesmo diante da boa situação financeira só aceitava fartura se fosse de comida, o resto era regrado. Suas roupas aparentavam desleixo, gastar com roupa e sapato estava fora de cogitação, caso surgissem rasgos pelas roupas exigia remendos, além disso, as marcas de nódoas das bananeiras e o chinelo de dedos completavam o aspecto descuidado. Assegurava que roupa de trabalho é assim mesmo e como a vida era só de labuta para que roupa nova? Era um tempo de muito trabalho, começava a se movimentar antes de o sol nascer até ao entardecer, de domingo a domingo, ano a ano, a vida inteira. Economizava no que podia, o ganho era guardado com objetivo de comprar fazenda. Nunca soube o que era férias, dizia que era perda de tempo e dinheiro. Tampouco conheceu o mar, viagens para outras paragens foram raras. Só ficava ali naquele mundinho miúdo. Ele, a mulher e toda a filharada, eram nove.

Os filhos morriam de medo dele, quando Sô Chiquito entrava em casa era bom assuntar o seu humor, bastava ele mostrar contrariedade com algo para que todos se recolhessem aos seus aposentos e lá ficar quietinhos, fora da vista, com freqüência todos dormiam antes das galinhas. Foram criados nos limites da chácara, não havia permissão de sair para casa alheia e os de fora pouco se aventuravam a fazer uma visitação que seja. E assim foi até ele cismar que a pequena cidade estava grande para ele. Comprou as terras que sonhava e para lá se foi.

Continua...

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