domingo, 14 de novembro de 2010

UMA MENINA NA ROÇA III



Completada a descida chegava-se à segunda porteira dando acesso ao cercado do curral já livre do gado, mas não dos sinais da recente presença deles espalhados pelo chão. Ao descer da condução, que ali ficava estacionada, olhar onde se pisava era necessidade premente. Por completar a chegança faltava abrir a terceira e última porteira passando assim para dentro da área da casa. Havia ali um trecho calçado com pedras roladas as quais facilitavam a limpação dos sapatos. À medida que iam caminhando, as visitas esfregavam os pés pelo piso de pedras até a entrada da varanda, costume que indicava educação conjugada com certa cerimônia. À esquerda da varanda uma tímida plantação de café, suficiente apenas para o consumo da casa, à direita um pé de jatobá varando o céu de tão majestoso. Seguir seu longo tronco com os olhos fazia doer o pescoço, porém valia a pena, a copa do jatobá se confundia com as nuvens andejas no céu dando a ilusão de movimento.

Diziam que tão nobre árvore era centenária, atraía a criançada logo na chegada. Encher as mãos com seus frutos era a primeira brincadeira, mesmo cientes de que eram mais engraçados do que gostosos. Dava trabalho quebrar as cascas bastante duras, eram necessárias algumas pedradas surgindo daí sementes recobertas com uma massa verde, muito seca, sem gosto e de cheiro forte, porém muito usada entre a meninada para cobrir os dentes proporcionando uns sorrisos matreiros para os desavisados.





Continua...

Um comentário:

Unknown disse...

Jatobá!!!Nem lembrava mais q existia....rs....realmente, tem gosto de nada, misturado com coisa nenhuma! Um sacrificio danado p abrir p nao ter recompensa!!