sábado, 6 de novembro de 2010

UMA MENINA NA ROÇA II



Ao se aproximar do único trecho da estrada em que havia um barranco de terra vermelha era sinal que o destino estava bem próximo. A julgar pelas paisagens ao redor não era natural aquela torrão vermelho destacando-se ao longe, contudo sua serventia era aliviar os ânimos dos passageiros, quase sempre amontoados nos veículos, para a chegada.  Além disso, o vermelhão sinalizava o início de uma subida que desnorteava cavalo, era bom se prevenir. Pois se o bicho estivesse arrastando carroça carregada com gente e apetrechos a penúria era muita. Momento certo de arrepiação nas orelhas, suor no lombo, patinação para lá e cá, única forma do animal romper a elevação. Se fosse o carro, o motor urrava soltando fumaça. Vencido o morro chegava-se a um platô que dava início a descida até a sede. Via-se então a primeira porteira a ser aberta, momento de menino pular da condução, soltando correria para abrir o ferrolho. O gosto era fazer da porteira montaria e assim dar um breve passeio. Nos dias de muito humor largava-se o menino da porteira para trás e ele com desespero nas canelas tentava apanhar a condução novamente, era zombaria pura.

Já dentro da propriedade, ia-se devagar, momento de descer a estradinha fina, parecia feita de rastro de  gente e de animal, pois no centro havia mato o qual provocava certo barulho no fundo do carro. Dali começava-se a avistar o telhado da sede dentre as árvores. Ao longe o que a vista alcançava parecia uma pintura, o rio represado com suas pequenas ilhas assemelhava-se a um mapa. As águas mansas e o céu se imbricavam no horizonte, era uma beleza só.

Continua...

2 comentários:

Unknown disse...

Iza,
Estou adorando! Ainda bem q sua memoria é boa. Se dependesse de mim, isto tudo ficaria perdido!

Bia*-* disse...

Tá gostoso demais de ler!
Beijoo