domingo, 13 de março de 2011

UMA MENINA NA ROÇA IX

À porta da cozinha, bastava entrar chamando por gente. Por estar próxima a hora do almoço, certo encontrar avó e tia picando as coisas. O avô estaria cuidando de roça ou de bicho. A menina era bem recebida, porém sem muitos afagos, eram cumprimentos, pedidos de notícias e no mais a sacola com as mudas de roupa era levada para o quarto perto da cozinha onde ela dormiria. Quarto de visita importante dava para a sala, era bem caprichado, tinha uma bacia de louça florida com um jarro dentro sobre uma mesa, a cama sempre esticadinha. Não era permitida graça lá dentro não.

Para olhos de menina pequena a cozinha parecia muito grande e com poucos apetrechos. O chão era de terra batida bem varridinho, o fogão a lenha reinava na cozinha, podendo ser rodeado belas beiras. Na segunda importância vinha o banco de madeira, de tão comprido parecia arriado ao meio, acompanhava a extensão da parede a qual possuía uma janela aberta para o jardim. Completava o cômodo uma pequena mesa de apoio, um armário guarda-louça de madeira, pintado de verde, comprido quase até ao teto e uma pia com a única torneira da casa. Os acontecimentos na cozinha enchiam os olhos da menina, suficientes o bastante para o desejo de menos meninice naqueles períodos de férias. Não se punha olho nem boca em quase nada que não fosse produzido pelos avós e tia. Além dos sabores, cores e aromas, a lida dos três, praticamente indiferentes ao mundo das cidades, impressionava a menina. Sem possuírem rádio a pilha, as notícias chegavam atrasadas e sem muita importância. Já na cama, esperando sono chegar a menina ideava que se o mundo acabasse e sobrasse somente aquele torrão poucas faltas atravessariam.


Continua...

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